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Daqui em diante a Amafresp divulgará mensalmente relatório explicando o valor da cota
27 abr 2021 • Thalita Azevedo
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Não é o que gostaríamos de estar divulgando, mas a cota da Amafresp este mês teve que ser aumentada. Entretanto, com a intenção de manter a transparência na gestão, a Afresp apresenta os motivos do aumento. Isso será uma prática a partir de agora.
Antes de mais nada, é importante salientar que a Diretoria Executiva da Afresp e a equipe da Amafresp estão trabalhando com afinco num conjunto de medidas para a redução do patamar do valor da cota. Em breve será colocado em discussão no Conselho Deliberativo e apresentado aos associados.
Já intensificamos com grande rigor as auditorias médicas e a contestação das autorizações de procedimentos, prazo de internação, medicamentos e materiais utilizados, a fim de evitar desperdícios. Estamos, também, implantando o prontuário eletrônico e um pacote de serviços que permitirão o acompanhamento da jornada do paciente. A proposta é acompanhar cada filiado, com a visão de prevenção e acolhimento, incentivando autocuidado com a saúde, principalmente em relação as doenças crônicas. A ideia é reduzir os eventos mais custosos como internações, mediante uso da tecnologia, além de ações que estimulem a consciência do usuário para o uso racional do plano, evitando exames, terapias e internações desnecessárias.
Em 2019, o valor médio da cota da Amafresp foi de R$ 588,00, sendo que passou de R$ 600,00 nos últimos meses daquele ano e continuou subindo nos primeiros meses de 2020, evidenciando que esse seria o valor da cota média da Amafresp se mantidos os padrões de utilização.
Devido à pandemia do Coronavírus houve uma redução na utilização dos serviços e, consequentemente, uma redução nos custos. Porém, observamos um aumento na utilização do plano a partir de setembro de 2020, sendo que a utilização chegou próxima aos números de antes da pandemia.
Vamos demonstrar a seguir a evolução dos maiores custos na Amafresp e seu reflexo no valor da cota. Na avaliação geral, concluímos que a pandemia reduziu a utilização e consequentemente os custos e o valor da cota. Porém, essa situação se alterou com a retomada dos padrões de utilização, somados ao aumento do custo médico dos atendimentos.
Esse aumento nos custos dos atendimentos está relacionado com atendimentos mais agudos e graves e aos impactos dos tratamentos contra COVID-19, principalmente por conta das internações em UTI e ao tempo das internações. Em função da lei de mercado, aumentou a procura e consequentemente o preço. Soma-se a isso os aumentos dos materiais (fim da isenção de ICMS) e dos medicamentos (aumento CMED – Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos).
Se não implantarmos o conjunto de medidas que estão em construção, ainda que os efeitos da pandemia desapareçam, ou seja, com retorno dos padrões de utilização anteriores, a cota tende a se manter num valor médio entre R$ 590,00 e R$ 620,00, se não ocorrer nenhum evento extraordinário.
Importante salientar que a Amafresp utiliza-se de uma reserva financeira que é constituída em períodos de custos mais baixos, sendo que com ela é possível amenizar as oscilações e cobrar valores mais previsíveis. Com o aumento do custo assistencial, desde setembro de 2020, valores têm sido resgatados dessa reserva financeira, sendo que, desde janeiro de 2020, foi creditado um total de R$ R$ 21.628.875,70 e debitado R$ 16.598.989,77, como se observa na tabela a seguir, na qual podemos ver também o custo assistencial do período.
Mês | Custp Total Período Previsto | Quantidade de Cotas | Previsão Valor Cota | Valor da Cota Cobrada | Custo Total Período Real | Quantidade de Cotas | Valor Cota Real | Debito/Crédito Reserva Financeira |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Jan/20 | R$ 22.512.845,17 | 36.115,70 | R$ 623,25 | R$ 635,00 | R$ 23.047.632,62 | 36.007,70 | R$ 640,08 | - R$ 183.291,23 |
Fev/20 | R$ 22.919.246,05 | 35.969,50 | R$ 637,18 | R$ 635,00 | R$ 21.656.007,44 | 35.882,20 | R$ 603,56 | R$ 1.131.936,83 |
Mar/20 | R$ 21.753.249,70 | 35.770,60 | R$ 608,13 | R$ 635,00 | R$ 22.993.975,91 | 35.716,20 | R$ 643,80 | - R$ 314.667,46 |
Abr/20 | R$ 18.281.491,60 | 35.715,80 | R$ 511,86 | R$ 630,00 | R$ 20.995.524,88 | 35.685,30 | R$ 588,35 | R$ 1.487.484,38 |
Maio/20 | R$ 15.271.034,44 | 35.673,90 | R$ 428,07 | R$ 625,00 | R$ 17.365.092,07 | 35.609,70 | R$ 487,65 | R$ 4.899.788,26 |
Junho/20 | R$ 15.116.817,36 | 35.672,10 | R$ 423,77 | R$ 595,00 | R$ 13.671.041,52 | 35.552,60 | R$ 384,53 | R$ 7.507.906,64 |
Julho/20 | R$ 13.140.115,57 | 35.538,80 | R$ 369,74 | R$ 550,00 | R$ 14.627.399,98 | 35.843,00 | R$ 408,10 | R$ 5.043.082,95 |
Ago/20 | R$ 11.274.355,13 | 35.499,00 | R$ 317,60 | R$ 490,00 | R$ 15.895.565,81 | 35.403,80 | R$ 448,98 | R$ 1.456.201,38 |
Set/20 | R$ 16.908.452,01 | 35.430,50 | R$ 477,23 | R$ 470,00 | R$ 17.479.332,13 | 35.396,60 | R$ 493,81 | - R$ 843.737,42 |
Out/20 | R$ 18.979.700,97 | 35.464,80 | R$ 535,17 | R$ 480,00 | R$ 20.960.004,50 | 35.405,30 | R$ 592,00 | - R$ 3.972.124,61 |
Nov/20 | R$ 20.471.582,75 | 35.433,60 | R$ 577,74 | R$ 480,00 | R$ 20.316.245,46 | 35.442,80 | R$ 373,21 | - R$ 3.302.843,91 |
Dez/20 | R$ 18.624.300,68 | 35.449,40 | R$ 525,38 | R$ 480,00 | R$ 18.549.480,39 | 35.415,60 | R$ 523,77 | - R$1.551.471,67 |
Jan/21 | R$ 20.798.304,09 | 35.487,70 | R$ 586,07 | R$ 510,00 | R$ 21.806.319,40 | 35.458,70 | R$ 614,98 | - R$ 3.725.426,76 |
Fev/21 | R$ 16.961.471,36 | 35.468,10 | R$ 478,22 | R$ 505,00 | R$ 17.807.810,61 | 35.465,90 | R$ 502,11 | R$ 102.475,25 |
Mar/21 | R$ 20.711.967,97 | 35.556,50 | R$ 582,51 | R$ 505,00 | R$ 20.627.233,12 | 35.497,60 | R$ 581,09 | - R$ 2.705.426,71 |
Abr/21 | R$ 22.125.980,30 | R$ 35.506,70 | R$ 623,15 | R$ 580,00 |
OBS: Custo e Cota Real de abril teremos no início de maio
Salientamos que estabelecer o valor da cota em R$ 580,00 para o mês de abril de 2021 foi uma atitude de prudência, frente ao crescente aumento dos custos assistenciais, como se verá a seguir.
CUSTOS ASSISTENCIAIS
O gráfico abaixo demostra os custos assistenciais da Amafresp de abril de 2019 a março de 2021, portanto antes da pandemia e depois. A média das despesas no período da pandemia apresentou uma redução em relação à média do período antes da pandemia de 14%, principalmente pela diminuição na utilização dos serviços. Esta redução foi mais acentuada no período de junho e julho de 2020, com uma redução que chegou a 47% da média. Entretanto, desde setembro de 2020 a utilização e os custos voltaram a subir chegando, em novembro, aos patamares dos períodos de antes da pandemia.
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As internações representam o maior custo da Amafresp, sendo cerca de 60% do total. Observando os gráficos a seguir, verificamos que elas seguem o mesmo comportamento dos custos assistenciais e, portanto, individualmente, colaborou decisivamente para a redução.
Verificamos que o custo médio no período da pandemia foi 8,05% menor que a média do período. Porém, podemos ver que, a partir de setembro de 2020, ocorre um aumento do custo. Quando analisamos a quantidade de internações podemos verificar que nos meses que em que houve aumento de custo houve também aumento das internações, mas em proporções menores. Isso porque o preço das internações aumentou, consistentemente a partir de setembro de 2020 e permanece acima da média nos meses seguintes.
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Mas o que elevou o custo médio das internações? As internações em UTI representam os maiores valores das internações. Seu valor é de três a quatro vezes o valor de uma internação em apartamento. Dessa forma, quando ocorre uma alta demanda por leitos de UTI, o custo médio das internações aumenta. A explicação é que houve aumento de diárias de UTI nas internações. Na relação “diárias por internação”, constatamos um aumento de 27% de diárias em UTI por internação.
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Corroborando a conclusão anterior, comparamos os 15 pacientes que apresentaram os maiores custos do período, conforme quadro abaixo. Identificamos que no período da pandemia os 15 maiores custos individuais foram 17,30% maiores que no período antes da pandemia. Outro ponto relevante é que o custo desses pacientes antes da pandemia representou 6,68% do custo assistencial total e durante a pandemia chegou a 9,10%, o que evidencia que estes pacientes impactaram fortemente no aumento dos custos.
Devido à complexidade, singularidade e preocupação com qualquer indicativo que possa identificar o paciente, optamos por não acrescentar outras informações adicionais. Entretanto, levantamos que todos os pacientes possuem quadros de saúde complexos, diagnósticos graves, complicações por comorbidades e com elevados tempos de internação, principalmente em UTI, sendo que alguns deles em decorrência da COVID-19.
Pacientes | Antes Pandemia | Durante Pandemia |
---|---|---|
1º | 2.531.207,87 | 2.193.864,63 |
2º | 1.966.810,45 | 2.142.556,29 |
3º | 1.409.784,91 | 1.723.609,75 |
4º | 1.126.547,15 | 1.697.833,65 |
5º | 1.090.862,06 | 1.297.776,46 |
6º | 1.039.038,40 | 1.292.737,44 |
7º | 995.686,51 | 1.252.713,56 |
8º | 906.238,00 | 1.154.946,09 |
9º | 906.238,00 | 1.105.683,03 |
10º | 884.000,67 | 1.047.251,01 |
11º | 844.895,98 | 1.027.629,63 |
12º | 803.998,11 | 1.001.131,23 |
13º | 776.728,39 | 955.581,33 |
14º | 767.664,11 | 919.669,64 |
15º | 759.226,37 | 919.163,18 |
Total | 16.821.931,99 | 19.732.146,92 |
No que diz respeito às internações por Covid-19, na tabela abaixo consideramos a primeira onda, período que vai de abril de 2020 a setembro de 2020, e a segunda onda, de outubro de 2020 a março de 2021.
Na segunda onda da pandemia percebemos que, além do número de associados, verificamos que o aumento nos custos ocorreu pelo maior tempo de internação dos pacientes e pela necessidade de mais dias em UTI.
1ª Onda | 2ª Onda | Aumento | % | |
---|---|---|---|---|
Custo | 2.906.403,34 | 10.331.757,63 | 7.425.354,29 | 255% |
Internações | 48 | 116 | 68 | 142% |
Custo Médio | 60.550,07 | 89.066,88 | 28.516,81 | 47% |
Quanto aos exames realizados fora de internações, como exames laboratoriais, de imagem, endoscopias, entre outros, assim como no caso das internações, verificamos que a quantidade e seu custo também apresentaram uma redução média de 23% no período da pandemia, sendo que, conforme podemos observar abaixo, a utilização dos exames já se aproxima da média de antes da pandemia.
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No que concerne às consultas, pudemos observar um comportamento parecido ao dos exames, apresentando uma redução no valor médio de 27,73% durante a pandemia, sendo da mesma forma observamos uma retomada nos valores.
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Em relação a pronto socorro, a redução, em termos percentuais, foi uma das mais relevantes. O custo médio durante a pandemia caiu 39,29%. Esta redução também está atrelada à menor utilização de pronto socorro pelos nossos filiados e pela disponibilização da telesaúde (Conexa). É possível perceber que os valores em pronto socorro, permanecem razoavelmente abaixo da média do período antes da pandemia.
O comportamento da quantidade de atendimentos acompanha as tendências do custo e confirma as expectativas relatadas. Contudo, percebemos que os custos em janeiro, fevereiro e março de 2021 foram mais elevados que o aumento na quantidade de atendimentos, indicando que o custo para cada atendimento em pronto socorro ficou mais caro. Na avaliação do custo médio, identificamos um aumento de 27,4% no custo por passagem, ou seja, o custo médio do pronto socorro aumenta em relação à menor quantidade de atendimentos. É que as utilizações eram atendimentos mais agudos e inevitáveis, logo, necessitaram de mais recursos, principalmente as passagens por suspeita de Covid-19, que agregam ao atendimento mais Tomografias do Tórax e Testes PCR, que fazem parte do protocolo para este tipo de hipótese diagnóstica.
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Os outros fatores que compõem os custos assistenciais, como quimioterapias, radiologias e terapias em geral, não tiveram uma variação em grau de relevância que pudessem ser fatores para o aumento no valor da cota.
Portanto, com o presente relato, esperamos ter demonstrado o comportamento dos custos assistenciais da Amafresp que afetaram o valor da cota fazendo com que ela chegasse ao valor atual. Por oportuno, informamos que estamos finalizando o painel de indicadores e dentro em breve o disponibilizaremos no site da Amafresp. Nele os filiados poderão acompanhar mês a mês a evolução dos custos da Amafresp.
Por fim a Diretoria Executiva da Afresp está confiante, considerando que está há apenas 3 meses à frente da gestão, na estruturação de diversas medidas que no conjunto significarão a redução do patamar do valor da cota.
A divulgação, discussão e implantação dessas medidas demandarão alguns meses, porém o estudo preliminar do resultado esperado, demonstra que estamos no caminho certo.
Enquanto isso continuamos solicitando o uso parcimonioso e prudente da Amafresp, de forma a achatar a curva de utilização durante a implantação das medidas. Queremos que todos se cuidem, mas a utilização responsável durante a pandemia foi uma experiência que podemos repetir. Depende de nós.